O Instituto Geográfico e Histórico da Bahia inaugura nesta segunda (5) de agosto, na Vila de Belém, às 10h30, em parceria com a Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Cachoeira, o Memorial do padre Bartholomeu Lourenço de Gusmão, inventor do aeróstato (balão de ar quente). Um dos inventos mais importantes da tecnologia mundial completa 310 anos, por ter sido apresentado em 1709 na Sala das Embaixadas do palácio real – Casa das Índias – em Lisboa, com a presença de todos os embaixadores, inclusive o núncio apostólico do Vaticano, que registrou o feito por escrito.
A partir do dia 5, o público deverá conhecer um pouco mais sobre a trajetória de vida, religiosa e acadêmica do religioso que é considerado o primeiro inventor das Américas. Os painéis poderão ser visitados diariamente, durante as atividades da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Cachoeira, na Igreja de Nossa Senhora de Belém, coordenadas pelo padre Hélio Vilas Boas, reitor do Santuário de Frei Galvão, que tem participado ativamente de reuniões preparatórias para implantação desse novo equipamento cultural-científico no município de Cachoeira.
O espaço que abrigará o memorial constitui um registro histórico-geográfico-religioso, além de um instrumento de apoio a pesquisa e estudo tecnológico e científico para a população da região, turistas em visita a Cachoeira e estudiosos de todo o Brasil. A perspectiva é que, ainda neste ano, novas peças, não só de parede, como de chão, sejam incorporadas ao acervo. "Em 2009 o IGHB fixou uma placa comemorativa dos 300 anos do aeróstato no Seminário de Belém de Cachoeira. Agora, dez anos depois, inauguramos um espaço que tem como objetivo registrar e disseminar a memória de um grande cientista", destaca o presidente Eduardo Morais de Castro.
Padre Voador
O padre voador Bartholomeu Lourenço, de nacionalidade então portuguesa e hoje brasileira, nasceu em 1685, na então Rua Santo Antonio – hoje Rua do Comércio – cidade de Santos, São Paulo. Era o quarto filho do português Francisco Lourenço e da brasileira Maria Álvares. Foi levado para Belém de Cachoeira, na igreja do mesmo seminário ao qual chegou e onde cresceu, sob a proteção do padre Alexandre de Gusmão (sobrenome que seria acrescentado por Bartholomeu ao seu nome, quando viveu em Lisboa e Coimbra). Viajou pela Holanda, Inglaterra e França. Estudou na Universidade de Coimbra, concluiu a Faculdade de Cânones e passou a dedicar-se a pesquisas técnico-científicas nos campos da aerostação, criptografia, hidráulica, história, literatura, matemática e teologia. Faleceu em 19 de novembro de 1724, em Toledo, na Espanha, aos 38 anos. É o patrono do Serviço de Assistência Religiosa da Aeronáutica, que o considera um dos precursores da aviação.
"Bartholomeu tornou-se inventor, ainda no início do século XVIII, realizando uma obra hidráulica pioneira em Belém e um primeiro voo no palácio da corte portuguesa, em Lisboa, testemunhado e registrado oficialmente, no dia 5 de agosto de 1709 – data esta anterior à da performante do para-raios de Benjamim Franklin (1752), que se considera erroneamente como o primeiro invento do homem nas Américas, assertiva esta que já deve, assim, ser corrigida", defende o proponente e autor dos textos do memorial, engenheiro e professor Adinoel Motta Maia. O especialista ainda destaca um outro invento de Bartholomeu Lourenço de Gusmão: a elevação da água por um cano, sendo ele devidamente apresentado e anotado em órgão público oficial, em sessão da Câmara de Vereadores da Cidade de Salvador (Bahia/Brasil), realizada na data de 12 de dezembro de 1705 – três anos e meio antes do voo do aeróstato.
Comentarios